Como deu para perceber em seu discurso de despedida, ele não tem o sorriso fácil. Mas, as poucas vezes em que sorri, é de uma alegria sincera e contagiante. Ele não é de arroubos emocionais e teatrais. Mas suas palavras transmitem sentimentos de confiança e autêntica paixão pelo que diz e pelo que faz. Não é de agradecimentos fáceis e superficiais, tão comum para os mágicos da política. Mas sabe reconhecer as reais e desinteressadas contribuições políticas e administrativas.
Em pouco mais de 60 minutos, Ricardo Coutinho não só resumiu seus cinco anos e três meses de gestão. No seu pronunciamento, também ficou registrado parte da sua trajetória política de sucesso, iniciada na militância do movimento estudantil da UFPB, etapa importante na formação dos seus ideais políticos.
Eleito duas vezes vereador pela cidade de João Pessoa, foi o mais votado em 1996. Também foi deputado estadual campeão de votos em 2002, quando reeleito para a Assembléia Legislativa. Foi escolhido e reconduzido para o cargo de prefeito da capital da Paraíba, sempre ganhando no 1º turno. Seu perfil político se assemelha ao de figuras de destaque da nossa história política. A coragem e determinação de José Américo, a dinâmica de trabalho de João Agripino e o espírito republicano de Antonio Mariz são marcas do seu percurso.
Ao assumir a prefeitura de João Pessoa, em janeiro de 2005, Ricardo Coutinho deu início a uma gestão preocupada em contemplar o conjunto dos desvalidos da cidade. Após longos e intensos anos de atuação parlamentar, estabeleceu uma relação de respeito e aprendizagem com os setores até então excluídos dos processos decisórios da capital.Suas primeiras ações foram possibilitar voz e participação efetiva desses setores. Com a criação da Secretaria de Transparência, o governo Ricardo Coutinho implantou um inovador mecanismo de democratização da gestão pública. O Orçamento Democrático que, através das plenárias populares, tornou-se um instrumento poderoso de exercício da cidadania. Frente a frente, povo e administração passaram a decidir democraticamente os investimentos na saúde, na educação e na infra-estrutura da polis.
Também preocupado com o desenvolvimento econômico e social de João Pessoa, o governo Ricardo Coutinho implementou o Empreender-JP, o mais ousado e arrojado programa de distribuição de renda das cidades brasileiras. Mediante empréstimos a juros módicos, mais de 8 mil micro-empresários puderam implantar e impulsionar seus pequenos negócios. Foram mais de 18 milhões de reais investidos nesses 5 anos, ativando a cadeia produtiva e retirando milhares de pessoas da informalidade.
Mas foi na educação que a administração Ricardo Coutinho realizou a sua mais profunda transformação. Com a construção de 8 novas escolas e 10 novas creches, edificação de 23 ginásios de esporte e reforma e ampliação da rede municipal, foram entregues a cidade de João Pessoa 178 salas de aula, com a incorporação de mais de 4 mil novos alunos, muitos deles oriundos do ensino privado.
Além dessa ampliação física, a educação municipal revolucionou quanto aos aspectos pedagógicos empregados. O Ano Cultural, o Estudante Destaque, o Futuro Visita o Passado, Programa 2º Tempo, Ciranda Curricular, Escola Aberta, Professor Plugado, Escola Nota 10, as Estações de Leitura e a Biblioteca Municipal são alguns programas e ações educacionais que estão preparando uma geração de estudantes para os desafios profissionais do século XXI.
A história não é só passado, como pensam e querem alguns. A história é o presente e, principalmente, o futuro. Resultado dos embates sociais e políticos entre as forças da estagnação e os impulsos conscientes daqueles que desejam a transformação da sociedade. A mudança na história é fruto dos sonhos, desejos e ações de mulheres e homens que almejem a concretização da justiça e da igualdade.
Coletivamente, o governo Ricardo Coutinho fez e faz história. Com determinação e poesia, sua administração construiu um novo momento na vida social e política de João Pessoa. Com uma cabeleira rebelde e andar desengonçado, mas rápido e seguro, Ricardo Coutinho trilhou caminhos ousados de realizações coletivas. A sua história não terminou. Está apenas começando.
*Graduado em História pela UFPB, tem Mestrado e Doutorado em História pela Universidade de São Paulo (USP). É professor do Departamento de História da UFPB e também Professor Orientador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS), do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFPB. Atualmente é debatedor no programa Conexão Máster.
Redação
Lúcio Flávio Vasconcelos*
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